Ânimo no trabalho

Ânimo no trabalho
Não anima trabalhar / Anima ter trabalhado / Mas para ter trabalhado / É preciso trabalhar / Nada é simples / O que é simples não tem benefício

sábado, 30 de abril de 2011

Massopeni

Foi tão guloso que consumiu todo o sorriso da vida em tão curto tempo, como se tivesse vindo ao mundo para uma brevíssima passagem. Hoje não passa de um cadáver ambulante. Aguarda ansiosamente a morte, mas esta tarda a chegar. Cada nascer do sol é como fardo que lhe verga a coluna vertebral da sua forçada existência. Não quer mais nada na face da terra. Aliás, talvez queira todos os castigos menos o de continuar com a irrecusável capacidade de respirar e de manter o fôlego.

Entregou todo o vigor da sua juventude à extravagância. Não há bar nem discoteca, nem prostituta da cidade de Maputo e arredores cuja ponta da capulana não conheceu parte do grosso salário que auferia no Clube Naval, além dos subsídios diários, semanais e mensais. Avultados de tal forma que não lhe tinham gestão possível.
Hoje tem imensas saudades de seu nome de registo, Lourenço VilárioXongissa. Ninguém se lembra desse nome. Todos lhe chamam Massopeni, vocábulo ronga derivado de sope ou tontonto, nome da bebida mais barata, por isso desprezada.

Massopeni é o pior incómodo para os seus companheiros de vida. Manifesta uma imensurável gratidão por uma beata de cigarro, soruma ou qualquer erva enrolada num papel, pois distinguir fumos não mais faz parte das capacidades do desgraçado Lourenço, o Massopeni. Dedica toda a honra a quem lhe deposita, na mão pedinte, quaisquer centavos para compra das bem calcadas gotas da mais reles aguardente. Já uma garrafa de tontonto é uma festa que lhe lembra os tempos do seu desfrute desmedido nas casas de pasto, desfrute que lhe fora breve por falta de controlo, ou seja, por lascívia.

Todas as meninas que com ele se cruzaram nos tempos do seu bem-estar financeiro caem de vergonha quando lhe contemplam a miserável vida. Essas suas antigas presas, pois que com ele andavam por interesses materiais, gostariam de não lhe ter conhecido. Maranyani é um exemplo.

– Uhm, lexiyá – diz ela sem querer acreditar que aquele tipo nauseabundo já teve o privilégio de lhe despir as roupas da moda, escolhidas com muito rigor nas lojas mais badaladas, de lhe assistir à nudez não sem antes Maranyani brindar-lhe com um longo striptease e, posteriormente, ser usufruída sem a mínima réstia de amor ou qualquer sentimento digno de um corpo esbelto e uma cabeça desprovida de sensatez.

Massopeni não vale mais nada desde que o contrato com o Clube Naval expirou, surpreendendo- lhe numa situação em que não tinha um só centavo depositado no banco nem no cofre de casa, se é que tinha.

Nenhuma chama pode restaurar a esperança completamente apagada do Massopeni. Massopeni cometeu um erro incorrigível na vida e contra a vida, no mundo e contra o mundo. Quando tinha dólares incontáveis tentou possuir todos os prazeres do mundo. Teve olhos insaciáveis, apetites descontrolados, desejos impossíveis de satisfazer… atingiu o zénite da lascívia e tentou fazer da vida de todos só dele. Levantava o dedo e acontecia o que ele quisesse, mesmo que fosse o mais imundo acontecimento, bastava ser do desejo do ‘presado Sr. Lourenço VilárioXonguissa’, hoje Massopeni não é ninguém e a sua morte não despertará o mínimo sentimento de perda, dor ou compaixão, nem do indivíduo mais sensível da face da terra.

Pela crónica, imenso perdão aos Massopenis da minha terra.



 Por: Francisco Joaquim Pedro Chuquela

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Obras literárias inéditas

Na chamada ‘Arte de escrever’ fiz um percurso razoável, só razoável, por isso continuo a viagem neste vasto e imensurável mundo da escrita artística.

Há quem, observando os meus feitos, diga que fiz muito. Discordo porque não me conformo com o que fiz, mas sou sujeito a fingir concordar por causa das várias teorias filosóficas, que tenho incutido nas minhas longas e imparáveis leituras, a pregarem o evangelho de autoestima e orgulho íntimo como máquinas de sucesso.

Enquanto os meus leitores me julgam inteligente por escrever em vários géneros (refiro-me à poesia, prosa, novela, romance, etc) acho-me infiel e cobiçoso, incapaz de me comprometer. Isso sim.

Há vezes em que a poesia arde no meu íntimo e pede figurar em papel, mas não posso escrever porque uma crónica está, no mesmo momento, a nascer no mesmo papel que, talvez, seria para poesia.

Há vezes em que a crónica não pode ganhar o meu atendimento porque devo pôr mais um tostão numa novela ou um romance não concluido. Há vezes… há vezes… há vezes, vezes intermináveis.

Os meus companheiros de vida apreciam, com certo encanto, a minha gaveta, mas esta é para mim uma podridão insuportável, com coisas antigas e novas em que, outras, na hora da revisão, ao invés de aranjos, merecem lixeira, isso no meu ver.

Decidi até não buscar ideia de ninguém para encher a lixeira com alguns produtos do esforço do meu punho, que com o tempo ganharam a invalidade. Isso porque qualquer conselheiro diz que a minha gaveta está cheia de textos bem escritos, nada merece lixeira.

Ah! Chega de reclamações. Tem que restar espaço para apresentar parte da rica pobreza da minha gaveta. Há quem irá gostar e há quem não. Isso é normal e necessário.

De notar que alguns textos das obras que irei apresentar, principalmente poemas e crónicas, foram e estão sendo publicados nos jornais. Em livro ainda não há nada.

Apresentação de obras literárias, inéditas:

- Vida, prosperidade, paz e felicidade – teorias filosóficas
- Antigos poemas de hoje – poemas
- Passar pela vida – ‘talvez romance’
- Aventura sem retorno – ‘talvez novela’
- Txambalakati – crónicas
- (Tantas outras ainda sem títulos) – dispersos e rascunhos


Descrição das obras

. Vida, prosperidade, paz e felicidade – é um pequeno volume de teorias filosóficas, de aproximadamente vinte breves capítulos interligados em termos de conteúdo e coerência, dando combinação a todos os vocábulos que compõem o seu título: Vida, prosperidade, paz e felicidade.

O objectivo central desta pequena obra é promover o respeito pela vida. Descreve a vida como a primeira porta que se abre para o sucesso. E no seu percurso de convencer, esta obra dá a entender que só a felicidade dá sentido a vida.

Centrando-se nas atitudes, nas reaccões e no comportamento dos viventes humanos, os capítulos desta obra ensinam a semeiar a paz.

De salientar que esta obra encontra-se em livro maquetizado e não publicado (maquetizado pela empresa gráfica PUBLIFIX).

. Antigos poemas de hoje – é um volume de poemas que sofreu e continua sofrendo alterações da minha loucura desde o ano 2002. Venho mudando as palavras, até o conteúdo dos poemas, chego até a substituí-los por outros de tempos em tempos.

Tenho até a tirado alguns textos do volume sem pôr outros, assim como tenho posto alguns sem tirar nenhum. Por isso não consigo aqui revelar o número de poemas que compõem o volume. Já foram 150, já foram 20, já foram 50, já foram 80, já foram 100 eh eh.

Até o título do volume: ANTIGOS POEMAS DE HOJE, vem de muitas alterações. Já foi DUAS CORES DA VIDA, já foi VALA TENEBROSA, já foi PÁSSARO MÁGICO, um dia pode ser outro título, isso se o volume continuar inédito.

. Passar pela vida – é uma obra que não me atrevo a atribuir qualquer nome genérico, mas os que já leram, embora ainda não seja uma obra publicada, dizem que é romance, tenho fingido concordar.

A obra ‘PASSAR PELA VIDA’ retrata a vida do Coshi, um menino filho do padrasto e da madrasta. A obra começa antes da nascença do personagem principal, o menino Coshi.

É uma obra que recua para começar pela história do avô e passar pela história dos pais do personagem principal, retratando a vida e a morte de cada um até que o menino fique órfão, para a partir daí começar o central do ‘talvez romance’.

No dito romance, o Coshi é um sofredor auténtico desde criança. É a partir da sua juventude que a sua arte de cantar lhe abrilhanta a vida, dando orgulho a única família do bairro, que soube lhe acolher nos seus tempos difíceis.

Esta apresentação dá impressão de que a obra é longa, mas é muitas vezes mais breve do que se imagina.

. Aventura sem retorno – é uma outra obra que não consigo atribuir qualquer nome genérico, costumava me opor àqueles aqueles que já a leram, mas acabei me conformando com ideia deles, conformando-me em fingimento como sempre.

Enquanto eu chamava de um simples drama, eles me contrariavam dezendo que trata-se de uma novela. Oh! Paciência.

A obra é uma história de ‘indisciplina’ onde Gina e Anita ignoram a disciplina dos pais quando atingem a juventude. Tornam-se famosas profissionais de sexo com muito sucesso que chegam a abrir uma empresa de atendimento às necessidades sexuais. Aí facturam muito dinheiro e ficam empreendedoras sem adversário nenhum.

Mas por causa do tipo da fonte de rendimento, ou seja de como tiveram sucesso, Gina e Anita terminam num futuro escuro, escuro como a madrugada, e desaproveitam a vida.

. Txambalakati – é um conjunto de crónicas que não páro de escrever. Cada crónica que escrevo publico imediatamente no jornal. Mas são crónicas de estilo mais literário que jornalistico.

Escrevo-as com muita preguiça, chegando a escrever e publicar apenas uma por mês quando a rotina não me reserva momentos de calma, pois quando o género é crónica escrevo num estilo que exige muita calma para melhor a sintonia com a inspiração.

Mas porquê o título TXAMBALAKATI para um volume de crónicas trabalhado aos bocados? E o que é TXAMBALAKATI? TXAMBALAKATI é agora nome de todo o conjunto destas crónicas, mas é título da primeira das crónicas mais aplaudidas que publiquei nos jornais. Cheguei a ser chamado de nome do texto eh eh.

TXAMBALAKATI é nome dum chá verde, com cheiro e sabor muito agradáveis, feito a partir de folhas verdes duma planta com o mesmo nome.



Francisco J. P. Chuquela

Celular: 82 63 20 014
E-mail: fjpchuquelan@gmail.com
Blog: www.chuquela.blogspot.com

Existência inexistente


Existo
Mas não existo na existência
Por isso não existo.

Sou molde mágico da veracidade
Fui expulso da vida
 E recusado na morte.

Existo
Mas não existo na existência
Por isso não existo.